3.8.07

O Olhar (ou como aprendi a amar a fotografia)

Eu descobri a fotografia há muito tempo. Meu pai tinha uma Olympus Trip, e carregava ela para cima e para baixo. Nas viagens, nos passeios, em casa, estava sempre tirando fotos. Devo ter umas mil fotos de quando era pequeno. E deve ser por isso que eu odeio sair em foto. Quando saio, é sempre com uma "tentativa de cara engraçada".

E a paixão dele passou pra mim. Entrei na faculdade pra fazer publicidade. Apesar que na época eu queria ser redator. E fiz a disciplina de Fotografia. E a paixão de criança, de estar com uma câmera nas mãos, "eternizando" o mundo ao meu redor, voltou. Eu gostava de passar horas no laboratório escuro, vendo nascer alguma coisa que eu tinha descoberto com o olhar.

Minha mãe me deu uma câmera quando eu tinha 21 anos. Ainda de filme. Fiz várias coisas com ela. E aprendi muito com ela também. A primeira (e até agora, única) digital foi aos 25. Nela, já há um registro de mais de 5.000 fotos. Procuro não bater fotos ao acaso, só porque ela me permite ver as melhorias da foto sem um custo.

Eu sou de uma geração que aprendeu errando. E que pensava muito antes de fazer uma fotografia. De olhar pelo visor da câmera até achar o ângulo que me revelasse a foto perfeita. Aquela imagem que eu guardaria tanto no papel (ou monitor do pc), quanto na lembrança.

Vejo a geração de hoje (lendo isso, parece que eu tenho 200 anos de idade), que pega a câmera, coloca ela no modo totalmente automático, olha no visor e aperta o botão de disparo. E está feita a fotografia. Mas o unico trabalho que o cidadão teve foi segurar a câmera. Um "tripé humano". A câmera fez o resto.

Fotografia é o "ato de se escrever com luz". Para se escrever com luz, precisa haver interação, já que escrever é um ato criativo. O criador precisa colocar a alma dele no objeto a ser criado. Precisa saber o quanto de luz ele deseja "deixar entrar" na imagem, ou que efeito ele quer dar. Ele precisa visualizar como a imagem vai ficar quando pronta, antes mesmo de apertar o botão.

Minha câmera é uma DSLR, ou seja, não se enxerga a imagem que vai ficar gravada. Algumas vezes, eu levo ela para alguma festa, e, quando também vou sair na foto, peço para alguém fazer a foto. Obvio que coloco ela no modo automático (que as vezes eu também uso, mas é em casos raros, como fotos de festas). A pessoa que vai fazer a foto me olha com aquela cara de "como se mexe nesse troço". E pergunta porque a imagem não está aparecendo. O fato dela não aparecer é benéfico para a minha formação de fotográfo. Pois assim eu exercito ainda mais minha capacidade de visualização.

Acho que o texto está ficando longo demais. Vou deixar este assunto para próximas postagens.

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